Liberar ou não um laudo, eis a questão...
- Marina Oliveira
- 10 de mai. de 2018
- 2 min de leitura

É da rotina do biomédico que escolhe atuar na área de análises clínicas o processamento de amostras para dosagem de diversos parâmetros bioquímicos de acordo com a necessidade do paciente, segundo indicação médica. Entretanto para que essas análises gerem resultados confiáveis e precisos é necessário respeitar uma série de parâmetros conhecidos como variáveis pré-analíticas, intra-analíticas e pós-analíticas.
As variáveis pré-analíticas podem ser devido ao preparo do paciente e incluem a realização ou não de jejum, idade, dieta, exercícios físicos, fumo, postura, horário da coleta no caso de sangue, entre outros, posteriores a coleta da amostra. Em relação à obtenção e preparação da amostra as variações podem ocorrer durante a coleta da amostra (erro na identificação dos recipientes de coleta, de preenchimento da ficha do paciente, contaminação e local errado de coleta), na própria amostra (presença de hemólise, uso incorreto de anticoagulantes e conservantes, soros alterados por lipemia, icterícia, etc., e alguns fatores farmacológicos, fisiológicos e patológicos) e no seu posterior processamento e armazenamento.
As variáveis intra-analíticas incluem o uso de materiais descontaminados e adequados, uso de técnica e reagentes corretos, entre outros. Por fim nas variáveis pós-analíticas temos a aplicação do cálculo adequado para geração de dados corretos, o valor expedido em unidades adequadas, o uso de controles internos e externos e a emissão correta do laudo. O uso de controles internos de qualidade é de extrema importância para a garantia de resultados corretos e detecção de possíveis erros nas metodologias aplicadas. Normalmente se utiliza um soro controle comercial de concentração já conhecida e padronizada, ele é processado juntamente com as amostra e o valor obtido no final do processamento deve ser compatível com o valor informado pelo fabricante. Se o valor do soro não estiver compatível o laudo não pode ser liberado.
O respeito aos passos e sua realização com critério e qualidade se alinha com os princípios da ética biomédica. Se o laudo não pode ser liberado ele não deve ser liberado, deve-se tentar identificar o ponto de falha no processo ou na metodologia, buscar sua correção e depois reanalisar as amostras. Um erro em um dos passos do processo pode gerar comprometimento dos resultados do paciente e isso pode levar a consequências diretas para a saúde do paciente, por exemplo, uma dosagem de glicose em que o paciente apresenta um valor real de glicemia que indica um quadro de pré-diabetes, mas é assintomático, ao realizar o exame no laudo consta como um valor de glicemia normal, isso irá alterar toda a conduta que o médico tomará em relação ao paciente, fazendo com que um paciente que já deveria ter uma indicação terapêutica adequada, não a receba, podendo agravar sua condição e diminuir as chances da garantia de uma boa qualidade de vida futura.
Referências:
Sousa, M. O.; Padronização em bioquímica Clínica; Universidade Federal de Minas Gerais. 33p. Belo Horizonte: 2013.
Biomedicina, eu e várias pessoas, não tínhamos ideia do significado, após essa matéria, temos a exata noção do que é, e também da ética profissional que regulamenta a atuação do profissional. Parabéns a vocês, pela publicação. Com toda certeza serão profissionais de muito sucesso, responsabilidade e conhecimento.
Quem sabe você fazem palestras em escola se ou até mesmo em cursinhos preparatórios pra Vestibular? As vezes fica mais fácil de compreender ou até mesmo uma luz a quem quer seguir carreira ou em dúvida do que realmente quer! Bastante interessante viu. Ótima estratégia.
Quanta responsabilidade! não imaginava que a profissão do biomédico era tão rica de detalhes... Acho que todos deveriam saber a importância de voces
Muito interessante a profissão de vcs meninas. Confesso que as vezes ainda fico na dúvida do que um biomédico faz, mas vi que envolve questões com muita responsabilidade.
Quem somos nós então sem o biomédico!!! E eu achando que era mais simples em todos os sentidos. Muito gostosa a leitura, fácil de se compreendida. Valeu, Marina.