O conhecimento
- Marina Oliveira
- 10 de mai. de 2018
- 4 min de leitura
Bom, todos têm uma ideia geral do que seja o conhecimento, mas o que queremos dizer quando usamos essa palavra? De uma forma mais simplificada temos que o conhecimento é a apresentação verdadeira/ adequada de um “objeto” em relação ao pensamento do sujeito, essa relação também é dependente do contexto. Porém as coisas não são tão simples quanto parecem, o processo de aquisição do conhecimento pode levar a enganos e proposições inverídicas, daí a necessidade de estudar a própria habilidade de conhecer do ser humano.

Podem existir diversos tipos de conhecimento, as três categorias básicas são:
Conhecimento de saber-fazer ou de aptidões: um exemplo desse conhecimento é saber andar de bicicleta, saber nadar, saber cozinhar. O conhecimento reside em ter habilidade de executar a ação relacionada ao objeto, ou seja, é o conhecimento prático.
Conhecimento por familiaridade ou por contato: é o conhecimento que adquirimos a partir do contato com o objeto, seja ele uma pessoa, um lugar, uma realidade, etc.
Conhecimento proposicional: é o conhecimento sobre fatos, proposições, que são possíveis de serem verificados tanto por mim quanto por outras pessoas. Normalmente é o tipo referido quando usamos a palavra conhecimento, e no qual normalmente se centram os estudos filosóficos.
Levando em conta a ideia do conhecimento proposicional existem três condições para que o sujeito conheça de forma suficiente o objeto. Essas condições foram propostas por Platão em um de seus diálogos, o Teeteto. Segundo ele o sujeito precisa primeiramente ter uma crença em relação ao objeto, ele precisa acreditar na proposição. Essa crença precisa ser verdadeira, pois, como dito anteriormente, a representação do sujeito em relação ao objeto pode levar a proposições falsas, e a verdade do ponto de vista epistemológico é imprescindível ao conhecimento. Por fim, essa crença verdadeira deve ser justificável, ou seja, a crença deve ter boas razões para ser tida como verdadeira, assim, ela deve ser validada.

Um filósofo que levantou críticas em relação a essas condições para o conhecimento foi Edmund Gettier, propondo os “casos de Gettier” abordados na obra: “É a crença verdadeira e justificada conhecimento? (tradução livre) (“Is Justified True Belief Knowledge?”), na qual afirma que algumas crenças, mesmo sendo verdadeiras e justificáveis não levam ao verdadeiro conhecimento epistemológico.
Para saber mais sobre os casos de Gettier acesse: http://problemasfilosoficos.blogspot.com.br/2015/07/o-problema-de-gettier.html
Um dos primeiros filósofos a falar sobre o estudo sistemático do conhecimento foi o francês René Descartes no século XVII, em suas obras, como o “Discurso do Método” e "Meditações", propondo a Metodologia Científica. Sim, o mesmo da famosa frase: “Penso, logo existo”, que alias traz muito sobre o que ele propunha como forma de alcançar o conhecimento. Ele usava a dúvida hiperbólica um recurso que consistia basicamente em duvidar de tudo, mesmo as coisas que parecessem mais certas e definidas, assim ele conseguiria alcançar uma verdade última e incontestável. No fim, ele concluiu que a única coisa que o fazia ter certeza da sua existência era o fato de pensar, mesmo que tudo o que ele acreditasse fosse falso, o fato de pensar e poder questionar através disso permanecia como uma verdade indubitável, afinal se eu estou questionando eu estou pensando.

Existem inúmeras doutrinas sobre o conhecimento, e acreditem, se eu ficar falando todas você vai ficar até amanhã aqui lendo essa matéria, e essa não é a intenção, tem muita coisa legal no blog que você devia ir olhar, claro, depois de ler essa matéria e deixar seu comentário sobre o que achou da nossa discussão ;). Mas duas que são bem famosas são as doutrinas empirista e racionalista. No empirismo a construção do conhecimento se dá através das experiências e experimentações, sendo que o indivíduo não nasce com conhecimento, ele o adquire, alguns representantes importantes do empirismo foram Locke e Hume. No racionalismo temos a razão e a lógica como fontes de conhecimento e o indivíduo já nasce com saberes inatos, alguns representantes importantes do racionalismo foram Descartes e Platão.
Outras formas de conhecer o mundo são o senso comum, a ciência, a religião/ mito, a arte e a filosofia:
Senso comum: é a impressão inicial do mundo, um conhecimento básico, de caráter empirista e que não tem garantia de que seja verdadeiro. Não se baseia em métodos e sistematizações científicas.
Ciência: busca o conhecimento objetivo, baseado em fatos e conclusões reais encontradas a partir de um método científico, focando principalmente nas relações de causa e efeito. Está diretamente ligada ao pensamento racionalista e idealista (conhecimento é centrado no objeto, não no sujeito). O que separa a ciência do senso comum é a noção de validação do conhecimento produzido, que nesse caso precisa de comprovação para ser aceito.
Religião/ mito: busca explicar o mundo através da presença de elementos sobrenaturais, que oferecem uma garantia de salvação a ser mantida através de ritos, sacramentos, etc.. Apesar de parecer algo extremamente subjetivista, na verdade a religião é tida como de caráter objetivista.
Arte: gera conhecimento subjetivo, que varia de acordo com a experiência de cada indivíduo frente ao objeto de conhecimento, e vêm da relação e ponto de vista do artista em relação ao objeto.
Filosofia: usa da reflexão, da razão, da lógica e de outras formas de conhecimento para tentar explicar o mundo e estudar os problemas gerais e fundamentais (questões físicas, do discurso, lógicas, morais, estéticas, etc.).
Dentro da filosofia temos diversas discussões, uma delas é a questão ética que você pode conferir aqui no blog.
Não se esqueça de deixar o seu comentário com o que achou dos tópicos da nossa discussão, dúvidas, sugestões, divagações, e o que mais você quiser comentar.
Referências:
Gettier, E.; Teixeira, C. (trad.); É a crença verdadeira justificada conhecimento?; 3p, [s.d.].
Nunes, A; O que é o conhecimento?. Disponível em: <https://criticanarede.com/anunesoqueeoconhecimento.html>. Acesso em: 4 maio. 2018.
Correia, W.;Portal do Professor - Introdução à filosofia: os diversos tipos de conhecimento. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=4488>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Ferrorosa, J; Fronteiras do Tempo: tipos de conhecimento. Fronteiras do Tempo, 5 fev. 2009. Disponível em: <http://asfilomural.blogspot.com.br/2009/02/tipos-de-conhecimento.html>. Acesso em: 30 abr. 2018
Gostei muito do texto, e voces não poderiam ter achado imagem melhor para representá-lo. Conhecimento é tudo, sem ele nada somos...
Complicado, mas bem interessante, aliás o que seria de nós sem o dom do saber...
muito interessante! me ensinou vários conceitos novos que nao sabia!
Conhecimento nunca é demais, nós devemos sempre busca coisas novas, para crescimento profissional, pessoal para sermos pessoas melhores.